Leituras em abril - A moça tecelã, de Marina Colasanti
A mais de 6 000 kms de distância e 9 horas de voo que nos separavam, recebi mail da Cláudia Matos com a sua Ideia de Leitura para este mês de abril acabadinho de chegar.
Pelo que li, este conto pareceu-me lindo e mais uma vez a Cláudia me entusiasmou e me cativou a ler a obra - A moça tecelã.
“Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.”
A narrativa é aparentemente simples e linear, sem avanços nem retrocessos no tempo.
A personagem principal não tem nome, o que lhe confere uma ausência de identidade que faz com que cada uma de nós se possa identificar com ela. Ênfase à figura feminina como um ser à procura da identidade.
Narrador na 3.ª pessoa, não participante.
O conto pode ser dividido em 3 partes devido a mudanças na personagem: do início da história até à parte em que ela começa a sentir falta de uma presença masculina na sua vida; a vinda desse homem e a consciência da necessidade de estar sozinha de novo; por fim, quando começa a destecer o tecido e a sua vida com ele. Ao destecer estabelece a ordem natural das coisas e o equilíbrio que havia sido perdido.
Retrata o tempo em que os guerreiros partiam para as batalhas e as mulheres encontravam na arte do tear o espaço para viver a longa e difícil espera. Porém neste conto a moça não espera, constrói no tear a sua própria história.
Marina Colasanti nasceu em 1937 na Etiópia, mas vive no Brasil desde os 11 anos de idade.
É escritora, jornalista, tradutora, artista plástica.
Em 2010 recebe o prémio Jatubi pelo livro Passageira em trânsito, o mais importante prémio literário do Brasil.
Poderá encontrar este conto no livro Um espinho de marfim e outras histórias numa biblioteca bem perto de si…
Cláudia Matos
A semana começa hoje e que seja muito boa.
Um domingo feliz mulheres lindas e fantásticas.
Beijos,
Maria Cristina